Todo mundo tem pelo menos um vício, seja ele secreto ou não: álcool, cigarro, drogas, internet, chocolate, sexo, etc. Em "Shame", do diretor inglês Steve Mcqueen, o personagem principal, Brandon, convive com o último. Na verdade, mais do que conviver, ele sobrevive ao vício, chamado Erotomania (compulsão pelo ato sexual).
A vida de Brandon é toda em função do sexo, de diversas formas: sexo casual, sexo pago, sexo virtual, sexo solitário... Mesmo assim, ele é um profissional muito bem sucedido, que não deixa nada transparecer. Sua rotina sexual é organizada, bem executada, ocupando todo seu tempo. Brandon é solitário, mas não sofre com isso.
Um dia seu cotidiano entra em crise com a chegada de sua irmã Sissy, carente, bagunceira, invasiva e problemática. Com a presença dela, Brandon, que sempre foi ausente, tem que segurar seus impulsos, mudar seu dia-a-dia e dar atenção à ela. A vergonha (shame) o leva a pensar em mudar, vencer o vício. Principalmente após se interessar romanticamente por uma mulher. Mas quando sua vida é dedicada a um vício, o que sobre quando ele é represado?
Eu gostei muito do filme. As interpretações da dupla central, Michael Fassbender e Carey Mulligan são tocantes e profundas. E o desenrolar da história, mesmo lento, é perfeito para nos sintonizar com o drama de Brandon, em que o sexo é uma fonte inesgotável de prazer e também uma escravizante necessidade.
O diretor não busca explicar a causa do transtorno de Brandon ou da fragilidade de sua irmã. Talvez isso amenizasse a imagem de ambos, principalmente dele. Boa parte da força do enredo está aí, em não procurar desculpas.
Não é um filme para agradar a públicos sensíveis, por conta do tema há muitas cenas de sexo e nudez. Mas é ricamente interpretado e belamente fotografado. E ainda, no meio do longa tem a Carey Mulligan cantando lindamente "New York, New York". Vejam abaixo essa cena e o trailer:
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