Há algum tempo eu estava protelando a leitura deste livro. Já tinha lido diversos elogios a ele, mas toda vez que olhava a capa, algo me desanimava. Eu e minha mania por capas chamativas... De todo modo, resolvi cair matando na obra, e não me arrependi: muito bom!
Esse não é o tipo de livro que conquista o leitor já de cara. O autor não facilita essa entrada em seu universo. Mas depois do terceiro capítulo, é difícil não se envolver na história.
A trama principal acontece em pouco mais de duas horas. Nela, Hermano, cirurgião plástico com 30 anos de idade, sai de casa para buscar seu melhor amigo e partirem para uma expedição na Bolívia, para escalar uma montanha inóspita. No caminho, ele recorda de duas épocas da sua vida: com dez anos, correndo de bicicleta pelas ruas do bairro onde morava; e com quinze, vivendo experiências que vão marcá-lo para sempre. Boa parte da narrativa é no passado. O personagem principal se lembra de quando conheceu a esposa, quando sua filha nasceu, os preparativos para a expedição, e principalmente de quinze anos antes: suas amizades, iniciação sexual, atos de coragem e covardia.
O modo como a história se desenvolve é muito interessante e, mesmo com parágrafos muito longos, prende bastante o leitor. Só achei que num mergulho tão intenso e profundo na personalidade de alguém, seria melhor a narrativa em primeira pessoa.
Daniel Galera é um dos talentos da nova geração da literatura brasileira, que por sinal, não é tão novo assim. Ele já lançou quatro livros, o seu segundo, "Até O Dia Em Que O Cão Morreu" virou o filme "Cão Sem Dono", de Beto Brant; e o quarto, "Cordilheira", recebeu vários prêmios. "Mãos de Cavalo" é seu terceiro livro lançado. Vale conferir, ele escreve muito bem!
Daniela Galera
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