Quando eu terminei de ler o "Máquina De Pinball" da Clarah Averbuck (postei sobre ele aqui), fiquei morrendo de vontade de ler mais alguma coisa dela. Ela escreve bem e tem um estilo próprio. Algo muito difícil de se alcançar (acreditem, eu sei bem como é!).
Nesse seu segundo livro, ela mantém seu texto em "fluxo de consciência": pensamentos, ações e lembranças se misturam, e a leitura flui muito bem. Ela deixa um pouco de lado o sexo, drogas e rock 'n roll e mergulha numa paixão não correspondida obsessiva.
Na orelha do livro, Mário Bortolotto o compara a "Os Subterrâneos" do Jack Kerouac, e é exatamente isso. A personagem Camila enlouquece de paixão por seu Antônio. Não come, não dorme, não esquece e não aceita ser abandonada, muito menos sem uma explicação. Essa obsessão transcende o Antonio, e tanto seu apartamento, como São Paulo são reflexos disso: ela ama odiar, e odeia amar. A trama é um turbilhão envolvente. Quem já esteve nessa situação se identifica de cara.
Aquela paixão arrebatadora que de repente some, e não quer mais estar com você. Mas o que você sente é tão forte que dói fisicamente, te consome. É tão intenso que você acha que pode amar pela outra pessoa. Ela não precisa te amar de volta, ou ficar com você, ou mesmo ser fiel a você. O que você precisa é de sua presença, como se sua vida dependesse disso. E que ela te escute muito, para que talvez você a convença de que ela está errada, e que ama você mas não sabe disso. E nesse processo você faz coisas ridículas, se expõe, se deteriora e esquece do mundo.
A parte boa é que tudo se supera e que existem diversas formas de extravasar tudo isso, como escrever um livro. Um bom livro. Recomendo!
Clarah Averbuck
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